quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Japim (Cacicus cela)


Hoje, de manhã, antes de ir trabalhar, resolvi fotografar a árvore em frente à minha janela, pois a algazarra dos pássaros com o nascer do Sol estava convidativa. (Acho que até eles já estavam se sentindo incomodados com a longa temporada de chuva que tivemos por aqui.)


Esse japim fez uma rápida excursão pela árvore, subindo rapidamente pelos galhos até o topo, onde pareceu buscar algum alimento entre as folhas. Em sua curta permanência na árvore, permaneceu agitado, movimentando-se o tempo todo.




Esse visitante, já adulto, tem o pelo negro, com detalhes amarelo-ouro. Seu bico é amarelo e seus olhos, azuis. Em sua fase juvenil, seu pelo tem cor de fuligem. Além de japim, é conhecido, também, como xexéu, japim-xexéu, japiim, joão-conquinho e japuíra. Seu nome científico é Cacicus cela.


O canto do japim é bem interessante: ele reproduz o som de outras aves. Há uma lenda brasileira sobre essa característica da ave. Ela conta que uma tribo foi acometida por uma séria doença, que causou a morte de muitos índios. Os sobreviventes ficaram muito tristes pela morte de seus familiares e amigos. Deprimidos, não sentiam mais vontade de fazer qualquer coisa que fosse. Não mais dançavam, não plantavam, não pescavam, não caçavam, enfim, não faziam nada além de lamentarem sua imensa tristeza.


Comovido com a situação dos índios, Tupã resolveu enviar à aldeia seu pássaro mágico, cujo canto era capaz de trazer alegria ao coração de todos: o japim. A ave protegida pousou em uma oca no centro da aldeia e cantou uma melodia tão magnífica que envolveu a todos que a escutavam num clima de otimismo, esperança e felicidade. Até aqueles que já estavam tomados pela doença se curaram.


Os índios, agradecidos pelos poderes mágicos da melodia, passaram a venerar o japim como um santo. Com tantos agrados que recebia todos os dias, a ave enaltecida, encheu-se de tanto orgulho, que, convencida, passou a considerar-se “o rei da aldeia”. O japim sentia-se superior a todos os outros pássaros, "o mais bonito", "o mais especial". Considerava o seu canto o mais sublime dentre o canto de todas as espécies existentes.


Tupã, ao ver toda a prepotência do pássaro que ele havia enviado para tão nobre missão, resolveu infligir-lhe uma lição. Fez com que o japim perdesse o seu canto mágico e deu a ele apenas a capacidade de imitar, de forma imperfeita, o canto das outras aves.


Os outros pássaros, quando viram que o Japim perdera seus poderes, resolveram se vingar e passaram a atacá-lo, desmanchado seu ninho e quebrando seus ovos. Por causa disso, o pássaro teve que buscar construir seu ninho em um local de difícil acesso para as outras aves. O local mais protegido que encontrou foi próximo às colmeias de vespas e de abelhas.


Até hoje, para conseguir chocar seus ovos, o japim sempre constrói seu ninho perto dos vespeiros, mesmo que sempre acabe levando muitas ferroadas...


Referências bibliográficas:






Fotografia: Cláudia Pinheiro Camargos


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